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Foto: Mariana de Carvalho. Oxford, Abril 2010

Oscar Wilde

Oscar Wilde de Hoje (e Sempre)

"a man who moralizes is usually a hypocrite, and a woman who moralizes is invariably plain"

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Manual de Criatividade para Mentes Obtusas (2)

Sugestões de Leitura

Como criatividade é conceituada de diversas maneiras, nesta tarefa eu utilizarei a que eu considero mais interessante e rica de possibilidades, cuja definição é mais ou menos assim:

“Criatividade é a capacidade de se utilizar conceitos de um campo do conhecimento em outro campo do conhecimento, ou seja, a capacidade de se criar metáforas”.

(Por exemplo, Frederick Taylor foi criativo no momento em que comparou as organizações industriais modernas com uma máquina e criou a Administração Científica baseada nesta metáfora).

Além disso, hoje as empresas buscam profissionais generalistas. Tanto é assim que um administrador deve ter conhecimentos de psicologia, sociologia, estatística, matemática financeira, etc, para se desenvolver e ser um bom profissional.

Finalmente, acredito, junto com o filósofo francês Merleau-Ponty, que a língua é a base do pensamento humano. Sendo assim, o domínio dos conceitos de uma língua nos permite pensar com clareza e ajudar no nosso trabalho cotidiano que é fundamentalmente a resolução de problemas de ordem abstrata e simbólica.

Por estas três razões, metáforas, generalismo e domínio da linguagem, eu proponho os seguintes títulos abaixo como uma base de estímulo à criatividade.

Além deles, o curso “Processo Criativo” da Escola de Artes Visuais do Parque Lage oferece uma oportunidade privilegiada de conhecer os impedimentos à criatividade e aprender as estratégias de como estimulá-la.

Leituras básicas

Criatividade no Trabalho e na Vida - Roberto Menna Barreto

Coletânea das aulas do curso de “Criatividade” ministradas na Escola de Comunicação da UFRJ. Texto didático e obrigatório para entender e implementar criatividade.

O Que é Realidade - João Francisco Duarte Júnior

A realidade é relativa e reconhecer isto é talvez o primeiro passo para uma abordagem criativa. A realidade depende do ponto de vista do observador e por sua vez este ponto de vista é construído socialmente, baseado na nossa educação e valores. Este livreto de linguagem acessível apresenta estas e outras questões, e é praticamente um resumo do livro “Construção Social da Realidade” de Berger e Luckmann, leitura bem mais complexa mas fundamental para profissionais e estudantes de filosofia e ciências humanas.

Aprender Antropologia - François Laplantine

O óbvio não é tão óbvio quanto pensamos. Aquela curiosidade natural das crianças e que perdemos quando adultos (“porque o céu é azul?” porque as folhas são verdes?”) é a base para uma mente criativa. O mais interessante é que existe toda uma ciência construída sobre a curiosidade de entender as razões para o “óbvio”. Esta ciência é a Antropologia. Este livro mostra os principais conceitos desta ciência criada no esforço de compreender as culturas não-européias e dá exemplos das suas aplicações em nossas próprias culturas.

Imagens da Organização - Gareth Morgan

Este livro ajuda no entendimento das organizações modernas e de como elas são pensadas. Adicionalmente, ilustra conceituação de criatividade acima definida. Nele o autor analisa a história da “ciência administrativa” e mostra que todas as escolas de pensamento se basearam em metáforas da engenharia, biologia, comunicação, etc., para responder à questão de como as organizações funcionam.

Leituras adicionais

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

Este livro de memórias fictício, que começa com a morte do protagonista e termina com seu nascimento, faz uma descrição bem humorada e cheia de estilo da vida de um quase dândi carioca do final do século XIX. Vale pelo estilo machadiano e pela fina ironia na apresentação das grandes questões humanas: nascimento, morte, sexo, poder e dinheiro.

Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa

Além do olhar arguto e inteligente (dizem que “seu” Rosa falava 17 línguas) sobre as relações humanas, é uma obra que realiza uma magistral recriação da língua portuguesa, onde ele funde elementos gramaticais e vocabulares de outras línguas com o português culto e arcaico e o falado do norte de Minas. Um clássico genuinamente brasileiro na temática e na linguagem.

Poesias Completas de Álvaro de Campos - Fernando Pessoa

Talvez o mais criativo dos poetas de língua portuguesa, Fernando Pessoa foi alfabetizado em inglês na África do Sul e compunha poemas em português, inglês e francês. Seu talento era tão vasto que criou “heterónimos”, que na verdade são pseudônimos com histórias pessoais próprias e estilos de escrita particulares. Álvaro de Campos, por exemplo, é um engenheiro naval angustiado que busca nas viagens (reais e filosóficas) e na sua insônia crônica um sentido para a vida. Um existencialista avant la lettre.

Jogo de Amarelinha - Júlio Cortázar

Neste livro o escritor argentino nascido na Bélgica e auto-exilado em Paris faz uma bem sucedida experimentação com a linguagem, onde diálogos se intercalam com pensamentos e onde a sequência de capítulos pode ser lida de acordo com a preferência de cada leitor (daí o título). Outro autor com temática existencialista e dentro da tradição do realismo fantástico, e que aprofunda como poucos as contradições e absurdos da existência humana.


Ficções - Jorge Luis Borges

Esta coletânea de contos escrito na década de 40 mostra a injustiça da não premiação de Borges com o Prêmio Nobel de Literatura. Como “inventor” do realismo fantástico latino-americano, Borges constrói estórias com personagens históricos (reais ou imaginários) passadas em lugares como a Babilônia, o deserto árabe ou o império asteca. Daí recria um universo livresco todo particular baseado na sua cultura enciclopédica e seu gosto pela filosofia de Schopenhauer.

Picasso - Edições Taschen

Uma excelente descrição da vida e obra deste gênio magistral cuja vida não foi menos fascinante que sua obra. Nele temos a oportunidade de entender o processo único de interpretação e transformação da realidade visual que ele empreendeu e que revolucionou para sempre a arte ocidental.

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