Quando eu trabalhava numa grande empresa de capital finlandês chamada Lumière, eu tive um chefe com o qual eu tinha algumas diferenças de ordem, para dizer o mínimo, filosófica. Ele era o tipo que não se satisfazia em ser superior hierárquico, e se incomodava em não ser superior no resto. Obviamente que era tarefa impossível ser melhor e maior em todas as características humanas e profissionais de uma equipe heterogênea de 10 pessoas. E isto o consumia profundamente, como ocorre com tudo o que é desejado mas inatingível.
Comigo era a criatividade, pois em uma avaliação que considerei séria, eu o pontuei altíssimo em controle e baixo em criatividade. Ele ficou furioso, e argumentei com toda a lógica que era impossível uma pessoa ser extremamente controladora e altamente criativa ao mesmo tempo.
Acabei tendo de, por meses, ouví-lo com ares soberbos o quanto ele era criativo e eu não, com os exemplos mais estapafúrdios de sua pretensa inventividade. Como não poderia diretamente contestá-lo nisso também, já que eu o fazia em quase todo o resto, em uma noite de (muita) impaciência escrevi um pequeno manual de criatividade para lhe entregar.
Evidente que não o fiz; mas achei-o outro dia nos meus escritos antigos, e percebi que não havia perdido nem atualidade nem utilidade. Segue-o para usufruto dos meus quatro leitores.
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