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Foto: Mariana de Carvalho. Oxford, Abril 2010

Oscar Wilde

Oscar Wilde de Hoje (e Sempre)

"a man who moralizes is usually a hypocrite, and a woman who moralizes is invariably plain"

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ofensa e Olvido

Sempre me acreditei partidário do “I forgive but I don´t forget” nas vezes que fui profundamente ultrajado ou ofendido. Perdôo pois não guardo rancor nem fico com maquinações: mastigo, engulo e digiro o mal feito a mim - e vida que segue. Mas não esqueço, pois se a oportunidade surgir, darei o troco, nem que demore 25 anos. Já me disseram que este é meu jeito de afirmar minha dignidade. Creio que sim.

Não sou de acreditar em coincidências, mas esta semana, na mesma terça-feira, encontrei-me com duas pessoas que me desrespeitaram muito; um no campo profissional, outra no amoroso. Um não dirigi a palavra, e não vou nem me dar ao trabalho de ir cuspir no seu caixão, até porque não gosto de pegar fila; a outra sentei e conversei, pois ela pareceu-me sinceramente arrependida, e zerar contas com alguém arrependido não carece de tanta grandiosidade: é relativamente fácil e deixa todo mundo feliz.

Pessoas diferentes, situações diferentes, uma só constatação: eu havia esquecido completamente o mal que eles me fizeram. Esquecido não no apagado da memória, pois se busco as lembranças, eu as encontro. Digo esquecido mas é na emoção, este vasto depositário de vivências, e o lugar que importa, porque é nele que se estabelecem o recalque, o trauma, a dor. Não falar com um e falar com a outra significaram o mesmo: eu não estou mais disponível para apanhar e sou sujeito dos meus atos e das minhas emoções. Sentir-se sujeito é descobrir-se livre, já que ser objeto de uma maldade nos dá a sensação de impotência e inferioridade (e suponho que o contrário, ser o seu agente, dá as sensações inversas de poder e superioridade; daí talvez o seu apelo para os fracos de espírito).

Aqui tomei consciência de meu erro: “eu perdôo mas não esqueço” não funciona, pois a espera do revide não nos recupera a dignidade. Esta não se conquista com a vingança, mas com o olvido, completo e verdadeiro.

domingo, 14 de novembro de 2010

Chaves

A verdadeira chave para abrir a mulher não é a que a leva para cama, pois esta intimidade física, a depender do grau de carência feminina, às vezes só necessita de ombros largos e uma conversa de pé de ouvido.  A chave válida é aquela que a faz se revelar como pessoa e como mulher, complexa e paradoxal, desvelando a sua intimidade emocional profunda.

E você nota que a fechadura foi aberta quando ela, desconcertada, se percebe vulnerável; e meio perdida - meio maravilhada, descobre que estar indefesa pode ser muito bom.

terça-feira, 2 de novembro de 2010