Sempre achei que quem tem uma vida perfeita na verdade leva uma existência miserável. Isto por que quem busca e consegue ter um emprego perfeito, com marido e filhos perfeitos e morando em uma casa perfeita vive sempre no fio da navalha, no fundo apavorado que um dia a harmonia se estilhace.
Obter a felicidade deste jeito nos faz depender dos outros para nosso próprio bem-estar, e tentaremos controlar tudo e todos ao nosso redor para manter a estabilidade do conquistado, o que demanda um enorme desgaste físico e psicológico.
E mesmo que se consiga, é um equilíbrio instável, como uma bolinha em cima de uma roda: pode até ficar parada por um tempo, mas a tendência sempre é ela cair lá de cima. E quando o mundo perfeito se despedaça, ele se despedaça todo, já que qualquer coisa fora do lugar já destrói a simetria do conjunto.
Por isso, para mim não vale a pena nem tentar ser perfeito, porque o ser humano nunca deixará de ser contraditório e paradoxal, e a vida (complexa como só ela...) é sempre cheia de acasos e surpresas. Por isso, devemos ter a humildade de reconhecer que a perfeição não existe, e o que devemos tentar controlar não é a nossa vida nem a dos outros, mas sim a maneira como encaramos as desditas e as venturas que a sorte nos oferece: as primeiras com serenidade e tolerância, e as segundas com satisfação e alegria.
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