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Foto: Mariana de Carvalho. Oxford, Abril 2010

Oscar Wilde

Oscar Wilde de Hoje (e Sempre)

"a man who moralizes is usually a hypocrite, and a woman who moralizes is invariably plain"

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sexo fácil pode ser bem complicado...

Uma das grandes conquistas da nossa vida contemporânea é a liberdade sexual. E sua consequência imediata, o sexo casual, é considerado uma realidade quotidiana sem maiores questionamentos morais. Também não vejo problema nisso, pois é perfeitamente legítimo e até enriquecedor se deixar levar eventualmente pelo desejo e satisfazê-lo, se não magoa ninguém e é consensual entre dois adultos.

Mas é o tipo de conduta que deve se ter com moderação, e baseio esta minha opinião neste trecho de Fernando Pessoa: “Um amor é um instinto sexual, porém não amamos com o instinto sexual, mas com a pressuposição de outro sentimento. E essa pressuposição é, com efeito, já outro sentimento”.

Nesta linha, o sexo pode ser apenas a satisfação de um desejo momentâneo baseado em um instinto, mas também pode ser a mais sublime expressão de entrega e amor que alguém pode oferecer a outra pessoa. Se sexo casual vira “estilo de vida”, seu praticante banaliza a troca e a entrega, pois a repetição do sexo puramente carnal condiciona a ver o outro como apenas um objeto de seu prazer, e não um sujeito com consciência que deve ser respeitado como tal. Em suma, esteriliza-se o afeto e instrumentaliza-se o ser humano. E ao final, transitar continuamente em um mundo de objetos sexuais transforma a própria pessoa em objeto, e ela se torna dura, cínica e com dificuldade de viver um amor verdadeiro.

Não é por outra razão que os profissionais que alugam seus corpos são tão problemáticos, pois sua posição exige que se ofereça a estranhos a mais alta manifestação de afeto que existe. Não é à toa, portanto, que quase todos se drogam muito para poderem lidar com o fato de terem de, sem carinho, expressar entrega, doação e prazer.

Tudo na vida tem seu preço; quem sempre trata os outros como objeto se transforma em um, e o que as mulheres de “vida fácil” cobram pelo uso de seu corpo acaba sendo muito pouco em comparação ao que lhes custa em termos de dureza, aviltamento e desamor.

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